terça-feira, 13 de setembro de 2016

Em defesa da central de vermicompostagem do Nordeste


Foi publicada ontem a notícia de que pode vir a ser encerrado o serviço de vermicompostagem de resíduos urbanos da Câmara Municipal do Nordeste.
Esta notícia surge no mesmo dia em que foi assinada a adesão da Câmara Municipal do Nordeste à AMISM (Associação de Municípios da Ilha de São Miguel). Segundo o presidente da Câmara do Nordeste, a decisão de encerramento da vermicompostagem cabe agora à MUSAMI, a empresa intermunicipal que gere o Ecoparque da Ilha de São Miguel.
A MUSAMI/AMISM é também a maior dinamizadora da construção de uma grande incineradora de resíduos sólidos na Ilha de São Miguel. Contra os protestos de associações ecológicas e as críticas de partidos políticos, o processo de construção da incineradora tem avançado gradualmente, estando a decorrer o processo de adjudicação. Depois de entrar em funcionamento, uma incineradora necessita de um aporte constante de material. Por essa razão, estes equipamentos contrariam as soluções de redução, reutilização e reciclagem que se impõem no atual quadro civilizacional e que são recomendadas pelas entidades internacionais, como a Comissão Europeia.
Devido ao seu compromisso com a incineração, tememos que a AMISM se oponha a soluções suaves e sustentáveis para o problema dos resíduos sólidos urbanos na ilha de São Miguel, mesmo àqueles que têm demonstrado bons resultados.

A vermicompostagem é um processo no qual são utilizadas minhocas para acelerar a conversão de matéria orgânica em composto, que pode depois ser utilizado como adubo. A compostagem de resíduos orgânicos urbanos é correntemente utilizada em muitos países europeus. Na Holanda, por exemplo, 90% dos resíduos orgânicos domésticos são atualmente transformados em composto.
A central de vermicompostagem do Nordeste, inaugurada em julho de 2011, representou um investimento de mais de 2 milhões de euros e trata os resíduos sólidos de todo o concelho, tendo ainda capacidade de expansão.Como motivos para o encerramento são apontados, na notícia de ontem, os custos da operação e os alegados índices elevados de metais pesados que impossibilitariam a utilização do composto em culturas para consumo humano.
Consideramos que a gestão de resíduos sólidos deve cumprir ou exceder as normas europeias, principalmente num ecossistema tão delicado como o açoriano. Assim, opomo-nos à construção da incineradora e defendemos que os custos não devem ser analisados unicamente numa perspectiva de operação, mas em todo o ciclo de tratamento e aproveitamento de resíduos, incorporando os custos ambientais e de saúde. Defendemos ainda que os processos de operação da central de compostagem devem ser continuamente monitorizados para garantir a produção de composto saudável e passível de ser utilizado em qualquer cultura.

O LIVRE-Açores repudia portanto o encerramento da central de vermicompostagem do Nordeste, e manifesta o seu apoio a todas as iniciativas que visem manter esta infraestrutura.