Os recentes resultados indicam para a última eleição
presidencial que abstenção no estrangeiro atingiu 95,5%.
Como causas apontam-se as usuais mas, certamente que a
burocracia não facilitará que um cidadão português no estrangeiro cumpra os seus
direitos de cidadania; aliás, todos conhecemos as dificuldades impostas pelos actuais
procedimentos administrativos em vigor para os residentes no país e que deveriam
ser motivadoras, sobretudo para os jovens que estudam fora da sua zona de residência
e eleitoral.
No entanto existem outros factores relevantes como a baixa
escolaridade e a pobreza, tantas vezes de mão dada e, que só por si condicionam
fortemente o interesse, a motivação e a disponibilidade para uma participação
cidadã. Ou, dito de outro modo: a pobreza exclui!
E, nos anos recentes, o aumento do número de indivíduos e/ou
famílias em condições de pobreza aumentou grandemente: no terceiro trimestre de
2015, existiam 14 978 pessoas desempregadas nos Açores e, mais de 300 mil
pessoas sem trabalho há mais de dois anos em todo o país. Também a
desregulamentação das relações de trabalho com a imediata fragilização do
empregado promovendo aquilo que classificamos como subemprego tem sido
crescente: e é muito interessante ouvir o argumento da direita de antes este
(subemprego) do que nenhum!
Mas o emprego como chave da inclusão terá de ser sempre digno
correspondendo às expectativas do desenvolvimento humano e social exigidas por
um país democrático e solidário.
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